sexta-feira, 7 de novembro de 2014

GERAÇÃO NEM NEM:

GERAÇÃO NEM NEM:

Nem trabalha nem estuda, essa geração mostra o desinteresse pelo trabalho e pelo estudo


Geração nem nem


Estamos vivendo uma época, no mínimo inusitada, pois a geração de jovens que aí está recusa-se a sair da casa dos pais para enfrentar a vida e seus desafios. Se voltarmos um pouco no tempo, e isso se faz necessário, veremos que os filhos não viam a hora de fazer dezoito anos para terem liberdade de ir aonde quisessem e chegar em casa fora da hora marcada, além claro, de se buscar um emprego trabalhar para ter o seu dinheiro e poder comprar o que quisesse, apesar de que parte do salário que se ganhava ficava com os pais. Hoje em dia, está ocorrendo justamente o contrário, ou seja, os jovens não querem sair da casa dos pais. Também, pudera quem quer perder a mordomia – casa, comida e roupa lavada? Ninguém com certeza. O problema, a nosso ver, que irá desencadear uma situação insustentável, é o fato de que eles não querem estudar nem trabalhar. E daí o nome Geração NEM – NEM, nem estuda e nem trabalha.






            Na contramão dessa tendência, quem está voltando ao mercado de trabalho são os aposentados. Seja para manter seu padrão de vida, ou para bancar os remédios. Aproximadamente 159,4 mil dos 265,7 mil aposentados pelo INSS voltaram ao trabalho. Enquanto isso, seus filhos ou netos, enquadram-se na geração nem-nem.

Acontece que sem estudo como irão conseguir um emprego que lhe gere renda?

Esse fenômeno não é recente. Estudos da OIT (Organização Internacional do Trabalho) em 2014, através do Relatório de Tendências Mundiais de Emprego, mostram que o desemprego entre jovens de 15 a 24 anos continua aumentando e já esbarra em 74 milhões de pessoas. Entre os 40 países pesquisados 30 deles tiveram sua população NEM – NEM aumentada.

Pesquisa efetuada no Brasil pelo PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios) demonstra um crescimento entre os jovens da geração NEM-NEM. Em 2001 eram 22,5 % dos jovens entre 18 e 20 anos e em 2009 estava em 24,1%.

Poder-se-ia pensar que são jovens desfamiliarizados, porém nem tanto, pois já existe até uma classificação para aqueles que têm estrutura familiar definida, eles são chamados de geração NEM-NEM acolchoados. Estudos mostram que esse fenômeno nada tem a ver com o fato de um pais ser capitalista ou não, evoluído ou emergente. É um fenômeno mundial.

O termo surgiu no Reino Unido como NEET (not in education, employment or training) e lá já está na casa dos 15 %. Na Espanha, conforme o Instituto Metroscopia, 54 % dos jovens até 34 anos não estudam e nem trabalham. A situação é tão preocupante que já se fala em intervenção do Estado para tentar resolver o problema.

Nesses países, assim como no Brasil, o que se nota é uma falta de interesse nos estudos e consequentemente a má preparação para o mercado de trabalho que cada vez está mais exigente e necessitado de mão de obra qualificada. Evidentemente, sem o estudo necessário, principalmente na área técnica, o jovem irá encontrar enormes barreiras para se colocar no mercado de trabalho, achando melhor continuar sob as asas dos pais. Já os programas governamentais, tais como, Jovem Aprendiz e ProJovem não atingiram as metas projetadas inicialmente pelo governo, trazendo uma enorme preocupação pois é uma massa de pessoas à  margem do processo, que não está produzindo nada.

Num país como o nosso, essa massa de jovens é potencialmente perigosa, pois a ociosidade faz fronteira com a criminalidade e a violência. Atendendo a uma lei natural de similaridade, ou seja, semelhante atrai semelhante, vemos que fatores negativos acabam se somando, o que leva o jovem a se juntar com más companhias e formando grupos de pensamento semelhante (não estudam e nem trabalham). Esses fatores unidos a uma sociedade consumista são, com certeza, material combustível suficiente para um incêndio bastando apenas uma centelha para o início da combustão.

Ainda que em outros países esse movimento seja transitório, no Brasil o problema tende a permanecer, uma vez que boa parte dos jovens brasileiros não conseguem encontrar um trabalho, por conta da baixa formação (e desistem facilmente de continuar procurando) e por entender que a escola não os preparam para o trabalho. No limite, o país não tardará para entrar em uma grave crise de mão de obra aprofundando a crise econômica nacional.

Na ânsia de melhorar a educação brasileira o Estado promulgou lei que estabelece as 20 metas do PlanoNacional de Educação, em um esforço para atender às demandas empresariais e responder positivamente aos péssimos índices educacionais do nosso país. Dentre essas metas, o esforço que o Estado pretende investir (claramente pressionado por setores não muito preocupados com a educação) na remodelação do currículo do Ensino Médio, eliminando disciplinas e juntando tudo em um bloco só. O objetivo? Criar um currículo atrativo. Será?

O que pode (e vai) acontecer, realmente, é piorar o que já está ruim, ou seja, nivelar por baixo. Ensinar o mínimo possível, melhorar as notas mas não ensinar de verdade, mas isso já é outra história que merece ser discutida.

Mas e sobre essa geração Nem-nem, o que fazer? O Estado deveria intervir? Qual o papel dos pais nesse processo que consideramos de autodestruição do futuro? Qual o papel da escola? A sociedade capitalista estaria ameaçada por essa força? O governo com seu pacote de assistência social (Veja nosso artigo sobre Pedagogia da Esmola) não estaria promovendo essa inércia?  A facilitação da promoção escolar, nos moldes atuais, não é um fator que beneficia esse desinteresse pelos estudos?


Omar de Camargo
Técnico Químico
Professor em Química
omacam@gmail.com

Ivan Claudio Guedes
Geógrafo e Pedagogo
Consultor e assessor pedagógico


ivanclaudioguedes@gmail.com

Referência:

CAMARGO, O.; GUEDES, I.C. Geração Nem-nem: nem estudar nem trabalhar é uma bomba relógio para quebrar o Brasil. Gazeta Valeparaibana [online], São José dos Campos, 01 nov. 2014. Espaço Educação. Disponível em: http://www.gazetavaleparaibana.com/084.pdf Acesso em 03 nov. 2014. 


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