sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A INDEPENDÊNCIA DOS DEPENDENTES

Eu não sei até que ponto devemos comemorar algo que não somos.

Reza a lenda de que D. Pedro I proclamou a independência às margens do rio Ipiranga no dia 7 de Setembro de 1822. Lenda a parte, é preciso determinar qual é o tipo de independência de que estamos falando.

Será que realmente somos um povo independente?


O que dizer da dependência psíquica que estamos submetidos via mídia que faz a clássica lavagem cerebral a favor do comércio e dos grupos políticos que estão no poder.

O que dizer da dependência cultural que temos em que somos obrigados a absorver a cultura de massa suprimindo a cultura local.

O que dizer da dependência religiosa que cerceia a liberdade de pensamento e expressão em favor dos “bons costumes” e da moral religiosa.

Na realidade ser independente é difícil. Para ser independente não podemos ser dependente, ou seja, temos que andar sozinho. Temos que nos responsabilizar pelo que falamos e pelo que pensamos e é ai que mora o perigo.

Na realidade temos medo de ser independente. Tanto medo quanto um bebê que está aprendendo andar. Entretanto, diferentemente do bebê, temos medo de andar sozinhos, de pensar, de falar e de agir.

Quanto é difícil discutir uma ideia ou um assunto se o nosso ouvinte ou leitor não compartilha da mesma ideia? Muita gente não esta preparada para ouvir uma critica ou uma opinião diferente. Muita gente não esta preparada para se dispor diante de um grupo e apresentar uma critica ou uma opinião diferente. Ter independência intelectual e moral é difícil, e quando se tem, dá se a impressão de que você é um extraterrestre, um louco.

A independência intelectual deveria ser o primeiro tipo de independência que um povo deveria bradar. Mas como gritar por uma independência se não se tem a consciência de que é dependente?

Talvez ai esteja um dos grandes motivos para a educação não dar certo. Intelectualizar um povo significa dar liberdade. Liberdade de pensamento, de opinião, de leitura, de expressão. Liberdade de dizer o que quiser para quem quiser e quando quiser. Liberdade de ter suas convicções e de poder expressar sem medo de ser repreendido ou de ser queimado na fogueira.

Povo que se mantém na jaula é povo fácil de controlar. Povo que se mantém no escuro é fácil guiar. Povo escolarizado que não sabe ler é fácil de manipular.


Ainda estamos engatinhando para a independência do Brasil. 191 anos se passaram desde a lenda. Precisamos de alguns tantos outros. 

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