quarta-feira, 14 de maio de 2014

PROFESSORES, REALMENTE ACORDEM!

PROFESSORES, REALMENTE ACORDEM!

Economista de formação, Gustavo Ioschpe ataca professores, escola e pensamentos pedagógicos.



Em 11 de maio deste ano o economista Gustavo Ioschpe, articulista da veja, publicou um ilustre artigo tecendo suas críticas (novamente) aos professores. Independentemente de o referido conter sérios problemas mal resolvidos na infância, ou se ele é pago para escrever tais bobagens, não vamos nos ater a isso, pois não levaria a nada, e sim no que se discutiu no artigo. Para quem quiser ler o artigo, basta acessar a página http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/professores-acordem.

Em primeiro lugar, se o Gustavo acredita que “a educação só vai avançar quando houver demanda pública por melhorias”, porque ele sempre só critica o setor público e elogia o privado? Será que realmente as escolas particulares são tão boas assim? Da mesma forma que existem bons colégios particulares, existe péssimos colégios particulares. Devemos lembrar que muitas escolas particulares são tão “depósitos de crianças” quanto às da rede pública. Se na rede pública existe a aprovação automática, na particular existe o padrão PPP (Papai Pagou Passou).




A princípio, Ioschpe ataca os professores dizendo que “o discurso é sempre o mesmo: o professor é um herói, um sacerdote abnegado” etc, etc. Muito bem, é preciso deixar claro que professor, é uma profissão. É regulamentada por legislação e tem seus direitos e deveres como qualquer outra. Se existe funcionário que não a cumpre, deveria ser demitido, mas os estatutos dos funcionários públicos (que enquadra muitos outros profissionais, além dos professores) não permite! Entretanto é preciso deixar claro que atualmente é muito fácil ser professor, basta fazer um cursinho qualquer em uma faculdade qualquer e voilá: seu diploma está pronto! Vale lembrar que esta “faculdade qualquer” não se refere à faculdade que tem poucos alunos e poucas salas de aula, muito pelo contrário, o maior problema do ensino superior são os Mc Donald’s da educação que oferecem uma mensalidade de R$ 199,00 e atolam 150 alunos em uma sala de aula. Ora, considere a seguinte situação: um cidadão que ganha um salário mínimo por mês se vê diante da possibilidade de cursar uma fast food da educação e ganhar a bagatela de R$ 1.697,39 por 40 horas trabalhadas. Sabendo que o salário é um dos (se não for o) mais baixos de quem tem ensino superior, mas a garantia de contratação pelo poder público é quase que imediata, qualquer ser humano dentro das suas faculdades mentais toparia este desafio.

É claro que este cidadão não tem um bom ensino médio (até porque se o tivesse não ganharia apenas um salário mínimo, mas ao mesmo tempo reduziria as possibilidades de ser explorado), obviamente também não terá um bom ensino superior, pois é impossível querer qualidade de ensino com 100 ou 150 alunos em uma sala de aula, ou pior ainda, via EaD. Em menos de três anos o sujeito estará com diploma na mão e poderá ser efetivado na rede pública, ou em algum colégio particular meia boca.

Ao discutir os 10% do PIB na educação, gostaríamos de contar uma novidade que o nobre não deve saber: o problema do dinheiro na educação não é a quantidade, mas sim o “como é utilizado”.

Membro da Fundação Ioschpe e ligado ao Todos pela educação, o articulista deve conhecer os bastidores da educação. Ele deve saber que o que sai dos cofres públicos não é o que chega às escolas. Construções, reformas, mochilas, materiais escolares, manutenções, pregões eletrônicos, tomadas de preços, tablets, computadores, notbook’s, lousa digital, enfim, tudo o que se faz para a educação é superfaturado, e neste ponto se sobressaem as OnG’s que também levam suas parcelas do dinheiro público para serem utilizadas como bem quiserem, isso sem falar em lavagem de dinheiro, apresentação de projetos caríssimos aos cofres públicos que não existem... Acrescentar 10% ou até mesmo 30% do PIB na educação não vai resolver nada, enquanto a corrupção imperar em todos os segmentos da sociedade.

Em seguida é discutido sobre a relação “valor investido na educação – entre eles o salário do professor – e o aprendizado dos alunos”. Não vou gastar linhas neste assunto (já o fiz em outros artigos), mas gostaria de ver como o Gustavo sobreviveria nas condições citadas acima, com o salário anunciado. Dentro das suas perspectivas, muito provavelmente arrumaria outras escolas para trabalhar (Estado, prefeitura, particulares...). É preciso colocar na cabeça de algumas pessoas (e de alguns economistas) que o professor não trabalha 60 ou 70 horas em sala de aula por semana por amor à educação. Não, não se trata de “furor pedagógico” e sim de necessidade. Indicar atividades para casa, acompanhar os cadernos, corrigir minuciosamente as provas e os trabalhos é obrigação do professor! Mas tente fazer com uma somatória de 1200 alunos? Para não dizer que estou extrapolando nos números, citarei outro exemplo concreto: Professores de História, Geografia, Física, Química, Biologia, Educação Física, Sociologia, Filosofia, Inglês e Arte possuem duas aulas por semana, por turma. Cada turma tem em média 40 alunos (no melhor dos exemplos). O professor trabalha 30 aulas de manhã (das 7h às 12h20min), em seguida vai para outra escola com mais 30 aulas (das 13h às 18h20min), e/ou para o período noturno (25 aulas – das 19h às 23h). Pronto! Fez as contas? Animador, não?

A presença da comunidade na escola é fundamental. Este próximo item abordado no artigo diz que se a comunidade for para dentro da escola “vão descobrir que a escola brasileira é uma farsa (...) verão a quantidade abismal de professores que faltam ao trabalho, que não prescrevem nem corrigem dever de casa (...)”. Sim, seria muito interessante se a comunidade realmente fosse para a escola. Diversos exemplos demonstram que as escolas em que a comunidade participa, tiveram um salto de qualidade: os problemas de incivilidade diminuem, a comunidade passa a cobrar melhor os políticos, as brigas, furtos e ofensas diminuem, mas o grande problema é o “como” trazer a comunidade (que trabalha, que é de baixa renda, que precisa sustentar uma família – isso quando o próprio aluno não é este, o responsável) para dentro da escola. É possível sim, trazer todos para dentro da escola, o objetivo é o de melhorar, e não o de denegrir como o ilustríssimo o faz comumente na vossa coluna.

Adiante, Gustavo Ioschpe elenca quatro itens que os professores precisarão fazer para “melhorar a qualidade do ensino”. Dos itens elencados, respondo
:
Primeiro. Não somos vítimas. Somos profissionais e queremos ser respeitados, e nos dar ao respeito como tal. Se o professor está nesta situação e continua nela, pode haver duas hipóteses: 1. Incapacidade de arrumar outro emprego (como já discutido acima) e, 2. Ideologia. Sim, muitos professores fazem o que fazem por ideologia, mas não política-partidária, nem de direita nem de esquerda. A ideologia de que a educação poderá ajudar a construir uma sociedade menos hipócrita e mais humana, e obviamente que o salário é bem vindo, pois quanto mais eu ganhar, em menos escolas precisarei trabalhar e assim poderei estudar mais.

Segundo. Cada ser humano possui um conjunto de valores morais e éticos que é preciso respeitar. Ainda que o professor deva ser “neutro” e oferecer aos alunos diferentes pontos de vista, o professor é um ser humano e carrega consigo todo conjunto de valores que foi construindo ao longo da sua vida. Creio que o professor que estuda constantemente tem um bom discernimento sobre isso, portanto, para que os professores não negligenciem a literatura como Ioschpe diz, o professor deve estudar (e isso está ligado ao primeiro item tratado).

Terceiro. Todos tem o direito de debater a educação, assim como a saúde, a segurança, o transporte, etc. o debate deve ser democrático e as opiniões fundamentadas são sempre bem vindas. Entretanto é preciso deixar claro que o professor (sobretudo o Pedagogo) é um especialista da educação. Ele detém o conhecimento da fundamentação pedagógica para avaliar um aluno, bem como verificar a situação de aprendizagem. Se assim não o fosse, todos nós poderíamos dar palpite no procedimento em que o cardiologista está utilizando ao realizar uma operação, ou sobre como o policial deve empunhar a sua arma durante uma troca de tiros, ou ainda mais: o quanto o urologista deve se empenhar no exame de próstata!.

Quarto: qualquer ser minimamente pensante já terá compreendido a questão do salário. Caso não tenham entendido, podem encaminhar suas perguntas!

Para finalizar, gostaria de dizer que, realmente o respeito da sociedade não virá quando nós tivermos um contracheque mais gordo. O respeito virá quando conseguirmos educar a sociedade para que todos percebam que o problema não está nos jogadores do time, nem no técnico, muito menos no presidente do clube, mas sim na FIFA.

Talvez se “falar com o professor médio brasileiro (...) é mais inútil do que o proverbial pente para careca”, argumentar com um economista pode ser como discutir com uma porta. Vamos ver o debate!

Esse vídeo traz outra análise sobre as "ideias" de Gustavo Ioschpe:
https://www.youtube.com/watch?v=9iwDQZgntEE&feature=youtu.be

Ivan Claudio Guedes, 33, Geógrafo e Pedagogo
www.facebook.com/prof.ivanclaudioguedes 

28 comentários:

  1. Ivan, li com atenção os 4 pontos que você discute. Achei-os interessantes e resulta da sua vivência na educação, como professor da "rede". Esta sua experiência se choca com as concepções de Gustavo Ioschpe. Mesmo eu, não tendo esta sua experiência, eu me choco com as concepções dele. Tentei ler os artigos de Gustavo Ioschpe logo que ele começou a escrever na Veja e me surpreendi com as suas colocações. Fui procurar vr quem era este rapaz. A idade nos leva a algumas associações, não sei se chocantes, preconceituosas. A biografia de Ioschpe me fez lembrar uma categoria de moços da época do regime militar conhecidos como os "golden boys". Uma rapaziada bem formada, com novas e grandes idéias, presos a "grandes teorias", mas desligados da realidade. Ioschpe não é economista e dentro da Economia parece-me ser um econometrista. Por este prisma ele é coerente. Mas peca pelo fato de não ser educador e ver a educação pelo prima - como disse - da econometria. Por este motivo ele não atentou ao que se diz no português popular, que o "buraco é mais embaixo". E educação "em números" talvez seja o motivo de o Brasil estar na rabeira das avaliações realizadas entre diversos países.

    Gostei dos seus comentários, Ivan. Continue comentando. Abraços.

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    1. Obrigado professor pelas palavras. Infelizmente o Gustavo tem uma grande notoriedade e escreve em um grande veículo de informação, pelo que tudo indica o rapaz é pago para denegrir a escola pública e nada mais. Entretanto, enquanto tivermos "liberdade" de expressão, vamos continuar utilizando.
      Um forte abraço e obrigado novamente.

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  2. A "mídia" e suas reportagens "tendenciosas", como de costume, não é mesmo? Infelizmente, em relação à matéria, concordo com um único detalhe (usado para suporte ao verdadeiro FOCO da reportagem): a menção de que as "lideranças" dos professores vêm "construindo uma imagem de vitimização" da categoria. É dura essa realidade, mas realmente essas “lideranças” - junto com a mídia! - estão abarrotadas de pessoas infiltradas com "discursos" e "frases prontas" e com a única intenção de IMPACTAR a constante e legítima REVOLTA da classe DOCENTE! Revolta que urge EXPLODIR de verdade, mas sem envolvimentos suspeitos! NÃO necessitamos desse "modelo" de representação, NÃO mesmo! Esse meu posicionamento é explícito.

    Por outro lado, é um bom sinal que essa reportagem tenha vindo à tona, pois esse atípico formato, digamos, de “enfrentamento” denota sinais de incômodo. Mas, isso não interessa no momento. Vamos aos verdadeiros intentos que são os detalhes das entrelinhas da reportagem: os editores-mentores do economista e ele, conhecem bem a "técnica do bate com uma mão e alisa com a outra", pois ao criarem o título: "Professores, acordem!", tentam induzir, no mínimo, ao: "estamos com vocês". A outra leitura a se extrair é a da seguinte frase: a "IMAGEM que VOCÊS VENDEM NÃO é a de profissionais COMPETENTES". Como assim? NÓS, os REPRESENTANTES ou os AGREGADOS? Enfim! A frase acima chega a ser ridícula por evidenciar de forma amadora o FOCO da reportagem: a "velha e manjada" tática de DESMORALIZAR a CLASSE. E isso “engana”, somente aos “economistas” que dão “plantão de jornalista”, na desesperada “barganha pelo pão”.

    A partir disso, vem uma audaciosa coragem (?) ao proferir: "o respeito da sociedade não virá quando vocês tiverem um contracheque mais gordo. Virá com a educação de qualidade para nossos filhos". Certíssimo! Não mesmo! Virá, quando pessoas como você, descobrir que menosprezar a inteligência alheia é ESTUPIDEZ! Profissionais INCOMPETENTES e OPORTUNISTAS existem em todas as áreas e, no Brasil, na área do jornalismo, "parece" que a falta de qualidade com os conteúdos, a falta de compromisso com a verdade, com a seriedade e a falta de respeito com a lucidez dos leitores, também é um detalhe "VELHO", tanto quanto a tática de difamar EDUCADORES, não é? Pois é! É nisso que resulta "contratar economista" para se “meter a jornalista" e pior: discorrer sobre EDUCAÇÃO!

    A propósito, não é exatamente isso que acontece na MAIORIA das ESCOLAS do sistema EDUCACIONAL brasileiro? Contratam "qualquer um" para lecionar e sem a "necessidade" de ser HABILITADO na disciplina específica? E querem cobrar COMPETÊNCIA aos PROFESSORES? Às favas todos os "manejáveis" dessa imprensa amadora e pervertida do Brasil! Portanto, está explicado, senhor economista, a razão pela falta de "educação de qualidade" para os "filhos" dos pais desse país e, igualmente, a falta de “qualidade das matérias” que circulam por essas “revestinhas”, que tentam VENDER uma IMAGEM de profissionais COMPETENTES, mas que simplesmente NÃO são! Pois, JORNALISTA competente e íntegro, jura - na colação de grau - que zelará pela veracidade dos fatos de forma honesta e imparcial e CUMPRE! Vai precisar desenhar? Não, claro que não vai, economista! Foi sem FIRULAS.

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  3. Boa tarde, Professor Ivan C. Guedes! Gostaria de me apresentar, mas antes, agradecer pela matéria belíssima em resposta ao economista Gustavo Ioschpe e me desculpar por inserir meu comentário em seu blog, sem as devidas considerações à sua pessoa. Mas, o problema é que ao ler a matéria do economista, logo comecei a escrever e não parei mais! "Furor pedagógico" tem dessas coisas, não mesmo? Risos! Enfim, querido, meu nome é Zélia Pimenta, sou Arte Educadora, musicista e atualmente administro um grupo denominado “Docência Decente Brasil”, na qual o objetivo inicial é agregar educadores conscientes da realidade educacional do país.

    A proposta geral do grupo é a troca de experiências entre os profissionais da educação com intuito de que - no futuro - resultados efetivos possam ser vislumbrados para a categoria docente que há anos tem sofrido “ataques” inadmissíveis. Portanto, não dá mais para silenciar diante dessas situações. Esse é um projeto motivacional - primeira fase - em que o foco é exclusivamente o DOCENTE e os problemas de saúde que têm enfrentados os profissionais da EDUCAÇÃO. Entre eles, encontra-se a famosa síndrome de "burnout" - estado de esgotamento físico e mental - que para quem bem conhece os fatos que envolvem o sistema educacional brasileiro, as razões dessa insalubridade ultrapassam a obviedade da ÍNFIMA REMUNERAÇÃO do Professor no Brasil - especialmente o da rede pública.

    Fato é: se o DOCENTE não estiver bem e MOTIVADO não há DISCURSO que convença qualquer ser pensante de que a EDUCAÇÃO terá a QUALIDADE tão desejada nesse país. Enfim, Ivan, agregar professores comprometidos, conscientes e que estejam realmente dispostos a contar para o país algumas das verdadeiras razões que levaram a EDUCAÇÃO ao CAOS em que se encontra. Esse é um dos pontos saudáveis do projeto, pois a sociedade precisa saber o que está acontecendo e as causas de tudo isso. Por enquanto, essa é uma de muitas fases do projeto. Caso você se interesse Professor Ivan, seja bem-vindo ao grupo! Unir forças foi e sempre será a única alternativa para qualquer tipo de mudança significativa na história da humanidade - bem sabemos.

    Obrigada! Esteja bem, querido.

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    1. Zélia, em primeiro lugar muito obrigado pelos comentários.
      Sobre o "furor pedagógico", sem bem o que é isso! Não segui dormir e escreve o texto acima as 4h da manhã!
      Sobre o seu trabalho, se você estiver próximo à Guarulhos podemos convida-la para participar do nosso programa! Nossos programas são aos domingos das 18h às 20h. Você pode verificar um pouco do nosso trabalho no youtube PROGRAMA E AGORA JOSÉ?

      Seria uma honra te-la conosco discutindo seus trabalhos.

      Um forte abraço
      Ivan

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    2. Muitíssimo obrigada pelo convite, Ivan! Quando eu estiver em São Paulo, entrarei em contato. Será um prazer!

      Cuida-te.

      Zélia Pimenta.

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  4. Com certeza esse cidadão economista nunca foi a uma sala de aula da rede pública, ou melhor gostaria de convidá-lo a trabalhar como professor e viver com o salário de um professor por três meses apenas, ninguém trabalha por bonito não Srº economista Gustavo, não com certeza vossa excelência ganhou rios de dinheiro para fazer essa reportagem difamando os professores e certamente aprendeu sozinho é por isso. Vamos dar o troco fazendo campanha contra esses politicos corruptos que desvalorizam nossa classe .
    Quem deve acordar são esses politicos podres que estão mandando escrever essa bobagens ai...

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    1. Obrigado pelo comentário Loureço!
      Espero que o meu texto tenha apresentado uma resposta a altura dos professores.
      Compartilhe a ideia!
      Um forte abraço
      Ivan

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  5. Divulguei sua resposta no meu blog teresa-rosas.blogpot.com Gostei de ler uma resposta sensata. Parabéns!

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  6. Obrigada por dar espaço à nossa indignação.
    A indignação promove movimento.

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    1. Acredite. Essa indignação também é minha.
      Eu que agradeço.
      Abs.,
      Ivan

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  7. Eu como Professora, Pedagoga e Cidadã, me senti extremamente feliz com sua resposta.
    Obrigada por suas palavras!

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  8. ENCAMINHEI ESSE TEXTO À REVISTA, BEM COMO PARA O EMAIL DO NOBRE ECONOMISTA, MAS NÃO OBTIVE RETORNO.

    Boa noite, meu nome é Christiane Fernandes professora da educação básica, especialista em coordenação do trabalho pedagógico na escola e mestranda em educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Hoje tive a oportunidade de ler o texto do economista Gustavo Ioschpe intitulado “Professores, acordem!”, que me foi entregue por um amigo Doutor em educação que diante de sua perplexidade me convidou para um debate sobre as questões que o referido economista abordou em seu texto. Pelos limites dessa exposição gostaria de comentar algumas situações que permeiam a profissão professor no Brasil. Cabe dizer que talvez o nobre economista desconheça tais situações, uma vez que seu currículo traduz a distância da realidade brasileira. De fato, ao ler o referido texto, posso dizer não que acordei, mas que com certeza suscitou uma enorme vontade em debatê-lo. Gostaria muito de questionar ao Sr. Gustavo se ele conhece todas as determinações inerentes a educação. O que quero dizer é se ele compreende ou já vivenciou o cotidiano de um professor, especificamente o de uma escola pública. Preciso indagar também o que ele acha da formação inicial, bem como da continuada do docente em nosso país, isto é, o que ele tem para dizer acerca da maneira aligeirada que essas formações vêm sendo impostas a nós professores pelas políticas educacionais neoliberais adotadas a partir da década de 1990. Preciso ainda saber se o autor conhece a realidade das salas de aula, com quantitativo elevado de alunos, e os motivos pelos quais esta se apresenta desta forma. Por fim, me intriga que em uma parte de seu texto, o Sr. Gustavo faça uso das palavras de Dermeval Saviani, um dos maiores educadores marxistas do nosso tempo, se seu discurso a todo o momento mostra-se contrário à classe trabalhadora. Para esclarecer trago a passagem do texto: “Vocês são guardiões e retransmissores do conhecimento acumulado ao longo da história da humanidade.” Podemos encontrar as palavras grifadas em várias obras de Saviani, e assim entendemos que o Sr Gustavo possui apreço pelo renomado educador. Que contradição é essa? Por fim, quero registrar o profundo incomodo que tive ao ler que nós professores, precisamos acordar, que fomos gananciosos demais, que nos metemos em uma enrascada, entre outras afirmações que revelam a ausência de conhecimento sobre O QUE É SER PROFESSOR NO PAÍS DO FUTEBOL.

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    1. Cristiane, agradeço as palavras postadas.
      O Gustavo não comentou meu texto, mas eu sei que ele já o leu, pois conversei com ele sobre isso pelo twitter. O que precisamos é realmente compartilhar a nossa indignação e lutarmos para que "eles" não tenham razão sobre nenhum aspecto.

      Um forte abraço
      Ivan

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  9. É digno de pena quem escreve isso. É um completo ignorante. Mas com certeza deve ter sido pago para escrever tamanha bobagem. Lamentável.

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  10. Hoje eu e alguns colegas de escola ficamos INDIGNADOS e com REPULSA ao ler a reportagem publicada na revista “VEJA”, pelo senhor Gustavo Ioschpe. Sua referência a nós professores é de dar ânsia, devido às ridículas acusações feitas a um profissional que só deseja seu reconhecimento, (SIM...POR MEIO DE UMA REMUNERAÇÃO MELHOR), um reconhecimento devido ao ensino de excelência que ensinamos. Fomos chamados de INCOMPETENTES, que tentar nos informar sobre algo seria o mesmo que “pentear carecas”. Por que a generalização? Por que chamar OS PROFESSORES de sujeitos sem conhecimento? Saiba, Sr G.I. que há muitos e muitos educadores que dão o SEU SANGUE pela EDUCAÇÃO brasileira e INCOMPETENTE é quem resiste a nos entender, quem prefere dar relevância extrema ao Futebol e se esquecer que Educação deve ser a priori de uma nação. IGNORANTE é quem escreve um texto altamente rebuscado e sem a menor noção de respeito ao docente. Talvez ele esteja se referindo no contexto de sua reportagem há algum professor que lhe deu aula e que talvez tenha esquecido de lhe ensinar os princípios éticos da vida, como o RESPEITO, mas chamar a todos nós de incompetentes? Fala sério!!! Parece piada! Ele diz que temos “obsessão por salários”. Não, não é bem isso! É que estamos fartos de “balela”, estamos fartos de ver tanta sujeira mascarada e a valorização do professor ficando à mercê. O professor, ao contrário do que diz, não quer se fazer de vítima não, NÃO SOMOS COITADINHOS NÃO, só queremos um reconhecimento salarial à altura do que fazemos COM AMOR e DEDICAÇÃO aos NOSSOS ALUNOS. Não, EU não trabalho por dinheiro, eu faço O QUE AMO...A reportagem publicada na “Veja” é um afronto aos muitos profissionais que atuam com excelência na sala de aula. O Senhor Gustavo está muito longe de entender toda nossa luta...É INÚTIL FAZÊ-LO ENTENDER, “MAIS INÚTIL DO QUE O PROVERBIAL PENTE PARA CARECA”.

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    1. Katia, o Gustavo "ganha" para fazer o que faz! Ele agrada a uma grande parcela da população e só contribuiu para o ódio à escola pública.
      Precisamos trabalhar, sim com amor, como você diz. Mas, como diz o velho ditado "amor não paga contas".
      Precisamos cumprir a nossa função com excelência e sermos bem remunerados por isso.
      Um forte abraço.
      Ivan

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  11. Parabéns prof. Ivan por rebater o desrespeito do artigo de sr. GI, é repugnante ver a verdadeira face de um economista, deixou sua máscara cair em frente a todos brasileiros, nós professores temos que ser uma classe unida e com criticidade argumentar diante desses disparates que vemos e ouvimos. Adriana Garcia

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  12. A verdade é que a revista Veja deu autonomia para este tal estudioso( não falo o nome dele pq ele não merece ficar conhecido) da Educação,pq ela esta precisando chamar a atenção pois perdeu terreno para a "Olha", (As Redes Sociais) que está bombando.Ninguém mais quer ler a revista para saber coisas que todos podem saber conversando uns com os outros pela internet. Até mesmo nosso alunos que ele diz serem mal preparados, mas que eram incentivados a lerem jornais e revistas não o fazem mais. Sabem por que?Porque mesmo sem gostar eles ouvem o professor pq sente ainda que devem ter um compromisso com eles mesmos, com os pai e com todos da escola, E depois de ocuparem seu tempo na escola, vão para as rede sociais saberem dos amigos e das novidades sejam elas quais forem e enganam -se quem acha que todos eles vão atrás só de coisa inúteis. Muito pelo contrário, a maioria deles ficam informados sobre noticiários, cursos e até assuntos que tem que responder numa prova da escola, então para quem vão ler uma revista que quando chega em suas mãos o assunto já está debatido e esquecido. As revistas estão cada vez mais ultrapassadas, não servem mais nem para alunos fazerem pesquisa, e olha que fui adepta de utilizar revista em sala de aula, hoje só serve para recorte e olhem lá! É claro que ainda sou de indicar aos jovens que leiam, e explico a importância de uma boa leitura para enriquecer o seu vocabulário, mas a revista Veja está longe de tal representatividade, Não dá para ninguém muito menos o professor, fazer com que os jovens deixem de ver algo em uma via muito mais dinâmica, como as redes sociais em seu celular, para folhear uma revista como a Veja. Este cara é pau mandado, pago para fazer uma crítica a um assunto grave e polêmico para dar vez a Revista, Mas não vai servir, pois a maioria leu na internet através da redes sociais postados por amigos .Perdeu cara, vc não merece que se comente o que escreveu! Já por 23 anos lidando com crianças e jovens, eu acostumei ter memória e audição seletiva, depois de selecionada eu deleto o que considero abobrinha. É o que vc escreveu. Te convido a visitar minha escola e ficar uma semana em uma sala de aula, ganhando o dobro que eu ganho.Marlene.

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    1. Marlene, obrigado pelo comentário.
      Precisamos unificar o nosso debate e mostrar, em sala de aula, as diferentes visões sobre a escola.
      Um forte abraço
      Ivan

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  13. Parafraseando Sartre: "não importa o que fizeram de nós, importa saber o que faremos do fizeram de nós...". Olhemo-nos no "espelho" do quem somos nós... Como estão nos fazendo? E, o mais importante, como “eu” estou me fazendo?
    É indignante alguém que, ao que parece, não tem realmente conhecimento de causa do que faz um professor para sobreviver. Considero-me educador, antes de tudo, não me considero "coitadinho", muito menos herói, sou um servidor público e como tal exerço minha profissão dignamente. Estou satisfeito? Claro que não... No dia em que isso acontecer, estarei morto...
    A crítica do articulista da revista atingiu o objetivo, admitamos. Ficamos indignados. Faço votos que desta indignação surjam atitudes positivas.
    É claro que não “ignoramos a realidade”; nem somos gananciosos; nem descompromissados; nem incompetentes; nem somos somente, como diz o articulista, “guardiões e retransmissores do conhecimento”... Esse discurso conhecemos muito bem. Desprestigiar e descaracterizar nosso trabalho é a rotina da ideologia neoliberal. Afinal, a gorda fatia dos recursos públicos da educação repassada para o setor privado ainda é pouco.
    Voltemos a Sartre.
    O que fizeram de nós (ou continuam fazendo de nós)?
    Realmente, profissionais “desprofissionalizados”, com péssima formação acadêmica, cursos que nos deixam meros aprendizes, sem um fundamento acadêmico, etc., etc., cursos de R$-1,99 (sentido pejorativo mesmo), com pseudo-formação continuada... O ProUNE transfere mais recursos às universidades privadas, que às públicas - carecem de tudo... Estão caindo aos pedaços, da gestão à estrutura física.
    Como estamos nos fazendo?
    Aí, prezados pergunto-lhes: há desídia dentre alguns (estou sendo otimista)? Há dentre nós professores que não cuidam da sua formação? Há os que fazem “bico” da nossa profissão? Há os que se consideram “sabe-tudo”? Há os que não se atualizam? Há os que ainda não sabem “ligar” um computador? Há os que matam aulas por qualquer motivo? Há os que “enrolam” os estudantes sem contextualizar e aprofundar o conteúdo?... Se eu estiver blefando desculpem-me. Mas quando vejo professores que mal se fala em greve, já param, eu vejo razões para dar um êpa! Testemunhei um “companheiro” solicitando uma “complementação de carga horária, 50 horas está bom”; perguntei por que não supre a carência da disciplina? “Estou concluindo meu curso de direito...”. Disse-lhe: não descaracteriza minha profissão, não venha fazer “bico” em nossa escola...
    Não podemos falar de educação ou de profissão de professores sem considerar o contexto do país, das políticas públicas, da formação de gestores da educação, das condições de trabalho (que o Prof. Ivan já mencionou muito bem).
    Prefiro levar o debate para outro aspecto. Há muito que a educação é vista como obrigação da sociedade como um todo, portanto, saiu do âmbito da sala de aula. O ato de educar precisa ser tratado por uma equipe multidisciplinar - um médico, um psicólogo escolar, um assistente social, no mínimo. O professor trata do pedagógico; professor não é assistente social, delegado de política, nem médico... mas, quem nunca saiu “correndo” para levar um estudante ao hospital?
    “Largar” o professor como artífice das mazelas sociais é deixa-lo às “piranhas” que o veem como um mal necessário. Nós, educadores, estamos com a saúde debilitada, cumprindo carga horária extensa. Conclusão: o professor estressado, sucumbindo diante de si mesmo...
    Atitude? O movimento pela educação de qualidade deve começar pela boa formação do professor – o exemplo: os países dos “tigres asiáticos”, o Japão... Os países que tratam a educação como prioridade e não com “migalhas”, com o que sobra da verba que vai para o setor privado. Quero ter um salário e ambiente trabalho digno, sim...
    Mas, quem nos representa no Congresso Nacional? Nos Estados? Nos Municípios? Como se organiza nossa escola? Qual é o meu papel nesse processo?
    Não concordo com o que o articulista da revista Veja escreveu, mas o tema incomoda!

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    1. José. Primeiramente obrigado pelo comentário.
      Realmente estamos em um momento de transição na nossa profissão e ainda não sabemos muito bem qual caminho seguir.
      Há algum tempo escrevi "Porque o professor precisa estudar mais", talvez te interesse.
      Um forte abraço
      Ivan

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  14. Este comentário foi removido pelo autor.

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  15. Oi, sua resposta a esse artigo foi realmente válida e representaria a categoria, disse coisas que de fato acontecem. Mas quem lê o artigo daquela "coisa"! Que pegou um modelo ruim de profissional e generalizou para todos os professores do Estado, jogando mais uma vez a responsabilidade do "fracasso" do ensino à todos nós...

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