REFLEXÕES SOBRE O CURRÍCULO ESCOLAR
O currículo escolar deve ser flexível e atender às necessidades da sociedade. Na prática, muitas vezes é uma reprodução “mais do mesmo”.
Vários professores devem se perguntar: “Qual conhecimento ou saber é considerado importante ou válido ou essencial para merecer ser considerado parte do currículo?”, ou “Por que esses conhecimentos, e não aqueles?”, “Qual é o tipo de ser humano desejável para um determinado tipo de sociedade?”, “Qual é a função da escola, das disciplinas e dos conteúdos para a formação desse cidadão?”.
Muitas perguntas vêm à tona quando se discute “o currículo”. As definições do que devem conter em um currículo estão expressas em diversos artigos da Lei 9.394/1996. Essa lei já sofreu diversas alterações e muitas propostas andam pelo Congresso propondo emendas.
Na realidade, o currículo deve oferecer condições básicas para que o aluno entre no sistema escolar e saia conforme as ansiedades e angústias da sociedade. Tais demandas variam de tempos em tempos. Novas necessidades vão surgindo e velhas necessidades vão deixando o espaço escolar.
O currículo nada mais é do que um caminho que será submetido ao aluno para que o mesmo possa formar-se conforme as expectativas do sistema (espaço-tempo) em que está inserido. Tal concepção vai depender do grupo que se encontra no poder e sua relação com a sociedade. De tempos em tempos tais concepções mudam, como já dito. Hora há necessidade de um currículo tradicional, hora progressista, hora técnico, hora mais humanista e por assim vai. Em cada espaço de discussão sobre o currículo os diferentes segmentos da sociedade “brigam pelo seu espaço”. O choque de interesses sobre as determinações do currículo é um campo de batalha minado e explosivo. Althusser estabelece a conexão entre a ideologia e a educação. O currículo é entendido como um “aparelho de controle do Estado” para que se “formem” de acordo com as instruções de um determinado governo.
Na estrutura nacional, o Plano Nacional de Educação prevê o estabelecimento de um currículo comum (básico) com conhecimentos mínimos que deveriam ser apreendidos por todos. Tal discussão também é polêmica, ainda mais quando se tem clareza sobre o conteúdo acima exposto. Nesse campo há duas correntes: aquela que prega o currículo mínimo, estabelecendo o que deve ser ensinado em todas as séries da educação básica e; os que acreditam que o currículo deveria ser construído localmente, atendendo às peculiaridades locais. Diante dessa discussão, acresce-se os exames externos (PISA, Prova Brasil e ENEM, por exemplo) que se baseiam em suas diferentes “Matrizes de Referência”.
Quanto às Matrizes de Referência, essa discussão ganha escopo nos debates sobre o currículo, a partir do momento em que as Matrizes ganham maior conotação e importância sobre a prática pedagógica do que o currículo em si. Ou seja, na prática, trabalha-se em detrimento de atingir tal índice ou indicador, ao invés de se trabalhar para fazer com que o aluno atinja as competências e habilidades, o conjunto de valores e atitudes e as outras indicações que constam nos currículos.
Sem querer se prolongar. Minha intenção é apenas trazer a discussão sobre esse assunto, e não provar academicamente essa ou aquela teoria, deixo como sugestão três vídeos para análise. O primeiro trata-se do currículo dentro do Projeto Político Pedagógico (algo que também precisa ser muito bem discutido, uma vez que muitos o encaram somente como burocracia), o segundo é um vídeo do programa Extra-Classe, sobre a diversidade e o currículo e, por fim o Programa Nota Dez, do Canal Futura, em episódio sobre a valorização da diversidade étnica e racial na educação infantil.
Como é possível perceber, discutir o currículo vai muito alem de falar das disciplinas e conteúdos, a complexidade dessa discussão precisa ser levada à linha de frente, ou seja, aos professores e estes precisam ser ouvidos pelo poder público.
Vejam os vídeos abaixo: